[André DiFranco]
quem é você
que eu nunca acesso
falando sobre si mesmo
olhando
pois a cada minuto
frame a frame
você se distancia um pouco mais de mim
mesmo insistindo em se aproximar
e não adianta
aos vinte minutos
mostrar o seu rosto
falar na minha orelha
até porque isso não soa tão bem
ninguém te perdoará
por desaparecer no fim
ao longe de nós
(ou será que devo
será que não é você)
são
diários nítricos
bitolas fosforescentes
partituras de um código binário
um diário poema como máquina de clones
um filme antigo como tecnologia futura
será
que você sabia
da televisão - da internet - da nova intimidade
fazendo
poesia
diário
filme
conversa
desabafo
ficção
realidade
antiga
poliglota e polihumano
a se multiplicar
será
que você sabia
que ao se multiplicar tanto
eu não te esqueceria
mesmo hoje
-
[Poema produzido na oficina O cinema da escrita, ministrada pela professora Carina Gonçalves]
André Di Franco é antropólogo, arte educador e artista audiovisual. Publicou em 2017 a cartilha "Comum: faça você mesmo em cineclubismo" (Associação da Imagem Comunitária - AIC). Atualmente, está como coordenador de audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura de Belo Horizonte. Desde de março de 2019 mantém o blog/diário/dilema guaxinimmolhado.home.blog.